ABASTECIMENTO DE ÁGUA - Moradores denunciam falta de água constante

Audiência Pública com a Copasa, realizada na terça-feira, 22 de abril, reuniu vereadores, representantes da companhia e população em geral

ABASTECIMENTO DE ÁGUA  - Moradores denunciam falta de água constante
Foto: Divulgação Câmara Municipal de Itatiaiuçu

Foi realizada na última terça-feira, 22 de abril, uma Audiência Pública para tratar do abastecimento de água em Itatiaiuçu, serviço que é oferecido pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e que vem gerando reclamações há anos pelos moradores. A reunião, realizada na sede do Legislativo, contou com a presença dos vereadores, representantes da Copasa e população em geral.

Entre as principais reclamações dirigidas à Copasa, destacam-se má qualidade na prestação do serviço, cenário em que diversos bairros sofrem com a falta de água. Populares afirmaram, durante a audiência, que ficam sem água quase diariamente, chegando a ficar sem abastecimento durante três e quatro dias, prejudicando tarefas básicas, como cozinhar, tomar banho, limpar a casa, além de prejudicar estabelecimentos e comércios. Sobre isso, os participantes pediram informações precisas sobre o fornecimento de água e situações em que ocorrerá manutenção, possibilitando que a população se programe com antecedência e não seja pega de surpresa.

“Se é avisada, tem como a gente se programar, porém essa manutenção nunca é avisada. A gente sabe da manutenção a partir do momento em que a gente está sem água e corre atrás para saber o porquê”, afirmou uma das participantes.

Outra reclamação foi quanto à qualidade da água. Populares destacaram que, em algumas situações, a água não está adequada para uso, com muito cloro ou com muito barro. Uma das moradoras afirmou que, em razão de manutenção no sistema, a rede fica suja e é essa água suja que chega para a população, através das caixas d’água.

Os moradores relataram também as diversas obras inacabadas pela cidade quando acontece algum serviço de manutenção, gerando desnível e estragos nas ruas e resquícios de brita e restos de obra, o que traz prejuízos para a população que transita pelo local.

Ainda durante a reunião foi denunciado o despejo de rejeitos de empresas da região no Córrego da Samambaia, sendo questionada se a empresa está ciente da quantidade de rejeitos que é jogada no local, levantando a necessidade de fiscalização.

O que tem sido feito?

Em resposta, os representantes da Copasa no município, Rodrigo e Welisson, explicaram que, na maioria das vezes, os trabalhadores também são pegos de surpresa quando há falta de água ou problemas na manutenção, geralmente ocorridos durante a madrugada.

Em Santa Terezinha, local em que há um grande número de ocorrências, há três poços e, geralmente, os problemas de manutenção surgem devido à queda de energia ou entrada de ar na bomba, sendo necessário manutenção durante o dia. E, quando acaba a água na parte mais alta do bairro, é necessário encher o reservatório até um certo nível para a bomba ativar, o que gera um período maior sem água. 

Um dos trabalhos que está sendo realizado em todo o município, conforme explicado, é a instalação do dispositivo com telemetria, que garante automação, monitoramento e controle, em tempo real, de reservatórios e elevatórias de água. Além disso, os representantes destacaram que foram adquiridas duas novas bombas, que serão instaladas em breve ao lado do reservatório em Santa Terezinha, melhorando o abastecimento.

Em relação aos outros bairros e cidade em geral, a Copasa destacou os serviços de melhoria do sistema de manutenção e padronização, buscando evitar futuros problemas e imprevistos e melhorar o serviço prestado.

Os representantes destacaram ainda o compromisso da Copasa com o serviço prestado, destacando-a como uma empresa séria e preocupada com a situação.

Canal de comunicação

Um dos problemas apontados durante a reunião foi a falta de aviso prévio quando há alguma manutenção prevista e dificuldade de contato com a Copasa através dos canais oficiais. Em contrapartida, o trabalho dos funcionários da Copasa de Itatiaiuçu foi elogiado pela população e pelos vereadores, dando destaque à disposição para atendimento dos munícipes.

Assim, atendendo as demandas da população, foi determinado na reunião a criação de um canal de comunicação no WhatsApp para facilitar a interação entre comunidade, vereadores e a prestadora do serviço. Dessa forma, a população será informada sobre manutenção e possíveis problemas de abastecimento.

Serviço precário e privatização

A precariedade dos serviços da Copasa como uma forma de convencer a população da necessidade de privatização foi uma das preocupações da população, conforme apontado pelo Presidente da Câmara, Moisés da Cunha.

Moisés destacou que recebeu mensagens de moradores preocupados com a questão da Copasa e possibilidade de privatização ou mudança de empresa, visto que há possibilidade de renovação ou não do contrato de concessão com a Copasa, que tem prazo para terminar em 2027. Em 2027, o contrato completa 30 anos. 

“Se a população não for engajada, não adianta simplesmente trocar de empresa, porque qualquer empresa fará um serviço que seja compatível com o que a população exige. O mais importante é a gente ter esse pontapé inicial. Esse assunto da Copasa já vem sendo discutido há vários anos na cidade, mas o importante é que a população entenda como cobrar seus direitos e como exigir qualidade na prestação do serviço. E isso vale tanto para a Copasa, quanto para o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) ou até mesmo no caso de uma possível privatização da Copasa, que falam que vai acontecer ", afirmou. 

“É uma ilusão a gente achar que a privatização resolve as coisas. Temos várias rodovias privatizadas em Minas Gerais e no Brasil que a qualidade não melhorou em nada; prestação de [serviço de] água em municípios que também foi privatizado e não melhorou em nada”, destacou.

A ata da reunião foi encaminhada para o Ministério Público de Itaúna para registro das denúncias e reclamações da população presente.