Um caso de amor!

Um caso de amor!

Lembro-me bem, com 17 anos, iniciando os primeiros dias de trabalho na reitoria da Universidade de Itaúna, o conhecido Paulinho Advogado me convidou para ir a Itatiaiuçu, a cidade que eu tinha ido por, no máximo, 3 ou 4 vezes entre os meus 12 e 16 anos, mas que já ouvia falar muito dentro da redação da FOLHA do Oeste, jornal itaunense, onde comecei a trabalhar dos 12 para 13 anos. Era comum ouvir na redação da FOLHA nomes como do Sr. Juca Turco, Antônio Quirino, Cícero Chaves - nomes importantes na emancipação - como também o do senhor Raimundo Benedito de Faria, vereador representante de Itatiaiuçu na Câmara de Itaúna, dentre outras lideranças. Uma vez, lembro-me bem, foi necessária uma publicação relativa à emancipação do município de Itatiaiuçu e o Sr. Antônio Quirino, de terno, entrou na redação, com um documento em mãos, relativo à emancipação para a devida publicação, mesmo sendo 8 anos depois, isso foi em 1972.

Mas vamos voltar ao convite do meu amigo Dr. Paulo Vicente de Freitas (que já nos deixou), para visitar Itatiaiuçu numa tarde de sexta-feira, após o trabalho. Viemos e aportamos no então famoso Bar do Diu, onde tomei uma cerveja supergelada e experimentei o delicioso caldo de galinha, do qual, até hoje, lembro o gosto e brinco com o Diu, quando o encontro aos sábados pela manhã: “Você bem que podia fazer aquele caldo para a gente lembrar...”.

adas essas lembranças, em 1996, o meu amigo Dr. Matozinho Ferreira Barbosa, com quem trabalhei na Universidade e na Prefeitura de Itaúna - a pedido do também meu amigo, o ex-prefeito Ilson Morais, com quem trabalhei na Prefeitura de Itaúna -, solicitou que eu ajudasse a implantar uma rádio comunitária em Itatiaiuçu. Tomei a frente, iniciei os trabalhos e colocamos a rádio para funcionar em um cômodo da residência do Sr. Hilton Mendonça, na Rua Itaúna, esquina com Otávio Antunes Moreira. Começou, então, de forma mais efetiva e afetiva, minha convivência com a cidade da “terra vermelha”. Num fusquinha, após os afazeres no jornal Folha do Oeste em Itaúna, que eu acabara de assumir e estava tomando as providências para mudar o nome para FOLHA do Povo, vinha para Itatiaiuçu para trabalhar na rádio, dia a dia, função que eu já havia exercido na rádio Clube FM, em Itaúna, que também ajudei a colocar em funcionamento. Nunca gostei de rádio, mas fui levando até que as duas funções, no jornal e na rádio em Itatiaiuçu, não estavam sendo prazerosas. Fiquei com o jornal, minha paixão e minha profissão.

No início dos anos 2000, dentre os meus entreveros com a direção da Universidade de Itaúna, dois jovens se aproximaram de mim em Itaúna: um eu já conhecia, o Magnus Guimarães, e o outro, Wagner Mendonça Chaves, esse acabara de ganhar as eleições em Itatiaiuçu e o primeiro seria secretário. Conversaram comigo e explicaram que a cidade precisava de um jornal e que eu seria a pessoa mais indicada para a tarefa. Mais uma vez, Itatiaiuçu cruzava meu caminho. Aceitei a tarefa, e iniciamos publicando uma página na edição do jornal de Itaúna todos os sábados, mas não demorou muito, poucos meses depois, dois ou três, e já estávamos fazendo uma edição exclusiva para Itatiaiuçu. Não paramos mais e estamos aí, chegando à marca de 1.000 edições e na direção de completar 21 anos em dezembro deste ano.

Pra mim, 1.000 edições e 21 anos são apenas marcas, o mais importante é o trabalho e a sua importância para a cidade e seus cidadãos e o papel que o jornal teve, e tem, de elo entre os poderes constituídos e a população, com a informação necessária, e as cobranças se também necessárias. Temos a certeza de que, até aqui, cumprimos o nosso papel profissional e jornalístico.

E o mais importante que isso é o sentimento que tenho por esta cidade e seu povo. Costumo dizer que tenho um verdadeiro caso de amor com Itatiaiuçu. E foi amor à primeira vista, desde aquela vez que, ao chegar ao então Bar do Diu, antes de entrar, olhei para a Igreja Matriz e a pracinha ainda de terra, mas já com os jardins levemente floridos... Repito, foi mesmo amor à primeira vista...

Então, desde a primeira circulação do jornal, em 2005, os laços foram se estreitando mais e hoje temos, além de apenas leitores, pessoas conhecidas, muitos amigos e, infelizmente, alguns poucos “inimigos”, pessoas que não gostam do jornal e não simpatizam com a nossa pessoa ou a nossa linha editorial. Achamos normal. É a democracia. Mas temos a certeza de que, nesses quase 21 anos de convivência praticamente diária com a sociedade itatiaiuçuense, somos reconhecidos e reconhecemos os valores dos cidadãos para com o município em todos os aspectos. Sou hoje um itatiaiuçuense de verdade. Tenho o título de Cidadão Honorário conferido pelo Poder Legislativo Municipal, numa indicação do ex-vereador Henrique Samuel. Pra nós, um privilégio, somos muito gratos, temos orgulho e podemos dizer: OBRIGADO.

Para marcar este número que estamos atingindo hoje, o número 1.000, queremos deixar registrado que Itatiaiuçu tem o privilégio do minério, mas, mais que isso, tem o privilégio de ter um povo trabalhador, visionário e que ama o torrão vermelho que pisa. E, se a cidade cresce a cada dia, é porque teve nomes como o de Geraldo Morais, Jair Borges, Geraldo Borges, Ilson Morais da Silva (vereador, presidente da Câmara e prefeito por três vezes, que teve papel importante na atuação política, sendo um dos responsáveis pelo asfaltamento da MG-431, na década de 1980), Juventino Rodrigues da Silva, Wagner Mendonça Chaves, Matarazzo José da Silva e, recentemente, teve Adélcio Morais e, agora, tem Romer Soares. E virão outros... Itatiaiuçu, tenho a certeza, teve, tem e terá grandes homens públicos, que dedicaram e dedicam o seu tempo investindo no desenvolvimento do município, preparando-o para o futuro, para que o cidadão de amanhã possa ter uma cidade confortável, moderna, bonita e com estrutura para atender às demandas públicas necessárias e, principalmente, ter um novo fomento industrial e tecnológico, pois o minério um dia vai acabar.

Obrigado, Itatiaiuçu, por nos aceitar como cidadão, um cidadão que tem um olhar jornalístico sobre a cidade, mas que, além disso, tem um sentimento de amor por este torrão vermelho, encravado entre as montanhas ferrosas das Minas Gerais. Vamos em frente. Foi mesmo amor à primeira vista.

Renilton Gonçalves Pacheco – Jornalista – Fundador e Editor da 

FOLHA do Povo/Edições de Itatiaiuçu e Itaúna